Todos os anos, à medida que a temporada de furacões se aproxima, uma imagem familiar aparece nas telas de nossas televisões e celulares: o clássico cone de previsão. Este gráfico, usado pelo Centro Nacional de Furacões (NHC) para prever trajetórias de ciclones tropicais, está prestes a mudar.
Em 2025, novas atualizações tornarão o cone menor, e não é apenas um ajuste estético: é um sinal de que a previsão de furacões está melhorando. Mas o que isso significa para aqueles que vivem em áreas propensas a furacões?
O cone de previsão é uma ferramenta visual que representa o caminho provável de um furacão ou tempestade tropical. Ele consiste em uma série de círculos que mostram onde o centro da tempestade pode estar em diferentes momentos: 24, 48, 72 horas e mais. Quanto mais distante no tempo, mais largo é o cone, refletindo a incerteza nas previsões.
The chilling forecast cone evolution of 180 mph Category 5 Hurricane Irma (2017). pic.twitter.com/cFYsqtwEk3
— Backpirch Weather (@BackpirchCrew) February 4, 2025
Desde sua estreia em 2002, o cone se tornou um símbolo da temporada de furacões. No entanto, não é perfeito. Embora o centro da tempestade geralmente permaneça dentro do cone por dois terços do tempo, o terço restante pode se desviar. Como disse um meteorologista: "O cone é um guia, não uma garantia".
"Os registros de previsão de furacões dos últimos cinco anos indicam que, em média, a trajetória real de um ciclone tropical permaneceu dentro do cone de incerteza de 60 a 70% do tempo", explica o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC).
Com modelos de previsão e análise de dados aprimorados, o NHC anunciou que o cone encolherá de 3% a 5% na bacia do Atlântico e até 10% no Pacífico oriental. A maior redução ocorrerá na previsão de 96 horas, com uma diminuição de 6% no tamanho. Mas por que isso é importante? Em suma, reduz a área de incerteza.
Embora a precisão das previsões esteja melhorando, os furacões ainda apresentam uma margem de incerteza. Apenas em dois em cada três casos o caminho real da tempestade permanece dentro do cone, o que significa que áreas fora dessa projeção ainda podem estar em risco. A redução do cone ajuda os meteorologistas a comunicar melhor a ameaça, mas também pode criar uma falsa sensação de segurança para quem está fora dele.
Um dos maiores desafios desse modelo é sua interpretação pelo público. Muitas pessoas assumem que o cone representa toda a área de impacto de um furacão, quando na verdade ele apenas indica o caminho provável do centro da tempestade. Fenômenos como tempestades, chuvas torrenciais e inundações podem afetar áreas distantes do centro do furacão.
If you have to make plans for #Dorian or TD Seven, how to interpret the forecast cone. Below is an explanatory image for that graphic. An in-depth descriptive video made by our staff is at: https://t.co/Xyti1pUqHY pic.twitter.com/5VkeEya1Ih
— National Hurricane Center (@NHC_Atlantic) September 3, 2019
Um exemplo clássico é o furacão Charley, em 2004. Embora o centro da tempestade tenha seguido o cone, uma pequena mudança em sua trajetória fez com que ela atingisse uma área diferente da Flórida e pegou muitos moradores de surpresa. A mesma coisa aconteceu com o furacão Ian em 2022, onde um pequeno desvio teve consequências devastadoras.
Além disso, existe o risco do chamado "efeito grito de lobo", um fenômeno que vem da fábula "O Pastor Mentiroso", atribuída a Esopo. A história nos ensina que alarmes falsos repetidos podem levar à indiferença aos perigos reais. No contexto de furacões, isso ocorre quando uma área permanece repetidamente dentro do cone sem sofrer danos significativos. Com o tempo, os moradores podem se tornar complacentes e subestimar ameaças futuras, colocando sua segurança em risco.
Para combater essas percepções errôneas, o NHC está implementando novas estratégias. Em 2024, foi introduzido um produto piloto com alertas e avisos internos, que continuarão até 2025. Além disso, maior ênfase será colocada nos riscos de correntes de retorno e alertas precoces de ciclones tropicais serão emitidos para melhorar a preparação da comunidade.
O início da temporada de furacões em 1º de junho trará mudanças na forma como essas tempestades são relatadas. Embora as previsões estejam se tornando mais precisas, especialistas insistem que o público deve permanecer alerta e preparado para qualquer situação. Porque, mesmo que o cone fique menor, o perigo não existe.